Essa semana,
meu pai e blogueiro do Facetas, enviou imagens de um prédio antigo no centro da
cidade de Manaus que está abandonando. No seu interior há livros se
deteriorando. No momento em que vi essa situação eu pensei: “Nossa cultura está
sendo apagada”.
Depois fiquei refletindo sobre
nossa sociedade, a sociedade líquida, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman. Nada
é feito para durar, tudo é descartável. E nesse contexto, nossos livros, nossos
artistas, nossa cultura, também, sofrem com essa liquidez.
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Imagem: Good Reads |
Assisti recentemente ao filme “A Livraria”, baseado no livro de
Penelope Fitzgerald. A escritora é de origem inglesa, nasceu em 1916 e faleceu
em 2000. Em 2008, o famoso jornal britânico The
Times, incluiu a escritora na lista dos 50 melhores escritores desde 1945.
Esse ano o filme ganhou três
premiações no prêmio Goya, apontado como o Oscar do cinema espanhol. As
premiações foram: melhor filme, melhor roteiro adaptado e melhor diretor.
Ainda, foi indicado em outras categorias: melhor ator coadjuvante, melhor
atriz, melhor direção de produção, melhor trilha sonora original, melhor
direção artística, melhor figurino, melhor montagem e melhor fotografia. Confiram o trailer:
A história conta sobre a vida de
Florence Green, viúva de guerra, apaixonada pelos livros, decide ir morar em uma
pequena cidade, Hardborough, e abrir uma livraria. Ela queria compartilhar sua
paixão com outras pessoas. Afinal, segundo Florence:
"Quando lemos uma história, nós a habitamos, a capa do
livro é como um teto e quatro paredes, uma casa".
Apesar de sua motivação, Florence passou por maus bocados. A
livraria ficaria num prédio abandonado, conhecido por todos como a Casa Velha, mas,
segundo os “cabeças” da pequena cidade, não era uma boa ideia esse
empreendimento, pois eles tinham planos para abrir um centro de artes. Mas,
Florence persistiu, foi corajosa e conseguiu abrir sua livraria. A livraria prosperou.
Mas, Florence sempre precisava enfrentar dificuldades burocráticas para
continuar com sua pequena livraria.
Esse contexto me fez lembrar de
nosso país, das dificuldades para conseguirmos fazer coisas boas e úteis para a
nossa sociedade em todas as instâncias, educacionais, empresariais, artísticas,
científicas, e etc. Sempre é difícil! Até parece ser um teste de paciência para
desistirmos das coisas. A luta é diária. As portas estão sempre fechadas.
Quando conseguimos fazer algo, pode ter certeza que teve muita insistência.
Ainda, quando assisti ao filme,
fiquei pensando o quanto os livros poderiam ser perigosos para a pequena
cidade. Os “cabeças” sentiram-se intimidados, ameaçados, que as pessoas comuns
poderiam ter acesso a diferentes informações. Quando dizem que conhecimento é
poder, não tenho dúvidas dessa realidade.
Eu não quero
contar mais detalhes sobre o filme para vocês terem a oportunidade de
aproveitar cada minuto. Mas, penso que a obra A Livraria, em seu âmbito cinematográfico e literário, nos faz
refletir sobre nossa sociedade líquida, sobre corrupção, sobre coragem, e,
principalmente, sobre a luta diária para enfrentar as dificuldades que o
sistema nos impõe.
Texto: Winnie Gomes
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